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Materiais
didáticos

Esta é uma etapa para o alinhamento dos materiais didáticos que deverão apoiar os professores no trabalho com os novos currículos

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6. Materiais didáticos

Nesta etapa, as equipes das Secretarias estaduais e municipais, em regime de colaboração, devem mapear e alinhar suas iniciativas1 de materiais didáticos2, bem como apoiar as escolas e os professores na escolha e no uso desses materiais. Materiais didáticos de qualidade, alinhados ao novo currículo e bem usados apoiam os professores no conhecimento e desenvolvimento dos objetivos curriculares em sala de aula, com escopo, sequência e metodologia adequados e coerentes com as demais políticas educacionais da rede.

1 Neste Guia, entende-se por “iniciativas de materiais didáticos” ações das Secretarias de Educação que disponibilizam para escolas e professores materiais didáticos, como, por exemplo: a adesão a políticas nacionais (Programa Nacional do Livro e Material Didático ou PNLD), políticas ou iniciativas estaduais e municipais de produção/compra de materiais didáticos próprios, disponibilização de materiais por programas ou projetos educacionais da(s) rede(s), como programas para a aceleração da aprendizagem, a formação de professores, a preparação para avaliações de larga escala etc.
2 Neste Guia, entende-se por “materiais didáticos” obras e recursos que apoiam as atividades de ensino-aprendizagem do currículo, tais como: obras didáticas e pedagógicas, softwares e jogos educacionais, materiais destinados à gestão escolar, dicionários, brinquedos (no caso da Educação Infantil), mapas e obras literárias, entre outros.

Questões para reflexão

  • Quais são as principais iniciativas de materiais didáticos adotadas pelas redes estadual e municipais? Isso acontece em regime de colaboração entre estado e municípios?
  • Os materiais didáticos disponibilizados abordam as principais competências, habilidades, direitos e objetivos previstos pela BNCC e pelo novo currículo, de maneira articulada, sequenciada e coerente?
  • Que novas iniciativas ou melhorias nas iniciativas existentes poderão ser adotadas para atender ao novo currículo? Como as mudanças serão apresentadas aos gestores escolares e professores?
  • Como as Secretarias apoiarão escolas e professores para uma melhor escolha e um melhor uso dos materiais didáticos, considerando o novo currículo?
  • De que forma os materiais disponibilizados de fato apoiam professores e alunos na implementação do novo currículo em sala de aula?

Uma vez que os novos currículos e a formação continuada de professores são iniciativas territoriais, ou seja, do estado em colaboração com os municípios, é preciso conceber uma governança que conduza o alinhamento dos materiais didáticos aos novos currículos no território, incluindo redes estadual e municipais.

O(A) secretário(a) estadual de Educação e o(a) presidente da Undime seccional, com apoio da Comissão Estadual de Currículo, podem definir uma governança para o alinhamento dos materiais didáticos ao novo currículo, em regime de colaboração, de acordo com a realidade do território, numa estrutura mais ou menos centralizada.

Sugere-se a composição de uma comissão mista de materiais didáticos, com representantes da Secretaria estadual e de Secretarias municipais indicadas pela Undime. Ela deve ser responsável por manter o alinhamento das iniciativas de materiais didáticos no regime de colaboração e com o novo currículo.

Atenção: A definição sobre a quantidade de profissionais que comporá a comissão fica a cargo dos representantes da Secretaria estadual e da Undime. Recomenda-se a composição de um grupo enxuto, de até seis pessoas, ocupantes de cargos de liderança, com capacidade de mobilização de equipes nas Secretarias estadual e municipais, e representação paritária entre estado e municípios. Para que a ausência de titulares não atrapalhe o andamento dos trabalhos, pode-se também indicar suplentes.

COMISSÃO MISTA DE MATERIAIS DIDÁTICOS

PERFIL

  • Ter capacidade de liderança, colaboração, articulação e trabalho em equipe;
  • Ocupar posição de liderança dentro da Secretaria de Educação em que atua, com capacidade de influenciar na definição de iniciativas e políticas de materiais didáticos;
  • Ter disposição e disponibilidade para realizar ações em regime de colaboração entre estado e municípios;
  • Preferencialmente, ter experiência como professor(a) em sala de aula, reconhecendo as necessidades reais dos professores quanto à adoção e ao uso de materiais didáticos;
  • Preferencialmente, ter liderado ou participado ativamente de outras etapas do processo de implementação da BNCC, como a (re)elaboração dos novos currículos e/ou da formação continuada para os novos currículos.

RESPONSABILIDADES

  • Monitorar e apoiar o alinhamento dos materiais didáticos adotados pelas redes e escolas ao novo currículo, considerando o regime de colaboração entre estado e municípios:

> coordenando o mapeamento e análise das iniciativas e materiais didáticos disponibilizados pelas redes estadual e municipais;

> orientando e apoiando a definição das políticas e iniciativas de materiais didáticos das redes estadual e municipais;

> propondo iniciativas para a qualificação dos professores para a melhor escolha e melhor uso dos materiais didáticos;

> garantindo que todas as etapas descritas acima contemplem o novo currículo e as efetivas necessidades dos alunos e professores.

  • Manter diálogo e comunicação constantes com as equipes das Secretarias estadual e municipais, para o alinhamento e a integração das iniciativas e políticas de materiais didáticos às demais frentes da política educacional, incluindo a formação continuada de professores, as avaliações educacionais e a comunicação entre Secretarias e escolas, de forma articulada e coerente.

Depois de definida a governança, a comissão mista de materiais didáticos deve mapear e analisar as principais iniciativas de materiais didáticos, bem como os principais materiais didáticos já adotados pelas redes estadual e municipais.

Com essas informações, será possível considerar os materiais que as redes já possuem e as oportunidades do regime de colaboração, bem como identificar boas práticas, lacunas e sobreposições durante o planejamento e alinhamento dos materiais didáticos aos novos currículos.

O mapeamento e análise pode ser liderado pela comissão mista de materiais didáticos e se organizar em três etapas:

6.2.1. Levantamento das principais iniciativas e materiais didáticos das redes

6.2.2. Avaliação das principais iniciativas adotadas pelas redes

6.2.3. Avaliação dos principais materiais didáticos utilizados pelas redes

LEVANTAMENTO DAS PRINCIPAIS INICIATIVAS E MATERIAIS DIDÁTICOS DAS REDES

Este primeiro levantamento deve subsidiar a identificação das principais iniciativas e dos principais materiais didáticos, que deverão ser avaliados conforme as duas etapas seguintes.

INICIATIVAS

  • adesão ao Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD)
  • produção de materiais didáticos pela(s) própria(s) rede(s) com a participação de professores
  • produção de materiais didáticos por consultores contratados pela(s) rede(s)
  • compra de materiais didáticos diretamente pela(s) rede(s)
  • disponibilização de materiais didáticos por programas ou projetos educacionais da(s) rede(s), como programas para aceleração da aprendizagem ou preparação para avaliações de larga escala
  • contratação de sistema estruturado de ensino • entre outras

MATERIAIS DIDÁTICOS

No caso do PNLD e também de outras políticas e iniciativas, para fins deste Guia, consideram-se materiais didáticos obras e outros recursos didáticos, tais como:

  • obras didáticas
  • obras pedagógicas
  • softwares e jogos educacionais
  • obras literárias
  • materiais de reforço e correção de fluxo
  • planos de aula e atividades
  • materiais de formação
  • materiais destinados à gestão escolar
  • entre outros

EXEMPLOS DE PERGUNTAS A SEREM RESPONDIDAS NO LEVANTAMENTO

PNLD

  • As redes estadual e municipais aderem ao PNLD? Quais redes aderem e quais não aderem?
  • O PNLD é a principal política de materiais didáticos das redes, ou tem papel complementar?
  • Como é o processo de escolha de materiais didáticos do PNLD nas redes (centralizado pela Secretaria ou direto pelas escolas)? Existe unidade na escolha de um título único pelas redes?
  • Quais são os principais materiais didáticos do PNLD adotados pelas redes? Em quais quantidades e em quantas redes, escolas, professores?

O PROGRAMA NACIONAL DO LIVRO E DO MATERIAL DIDÁTICO (PNLD)

  • Principal política de materiais didáticos do país, o PNLD avalia e disponibiliza obras didáticas, pedagógicas e literárias, entre outros materiais de apoio à prática educativa, de forma sistemática, regular e gratuita, às escolas públicas de Educação Básica das redes federal, estaduais, municipais e distrital.
  • O Decreto nº 9.099, de 18 de julho de 2017, unificou as ações de aquisição e distribuição de livros didáticos e literários, anteriormente contempladas pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) e pelo Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE).
  • O PNLD também teve seu escopo ampliado com a possibilidade de inclusão de outros materiais de apoio à prática educativa para além das obras didáticas e literárias: obras pedagógicas, softwares e jogos educacionais, materiais de reforço e correção de fluxo, materiais de formação e materiais destinados à gestão escolar, entre outros.
  • A execução do PNLD é realizada de forma alternada. São atendidos em ciclos diferentes os quatro segmentos: Educação Infantil, Anos Iniciais do Ensino Fundamental, Anos Finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio.
  • Acompanhando o PNLD, seu alinhamento à BNCC também está sendo feito em ciclos. Chegam às escolas materiais alinhados à versão homologada da BNCC:

 

OUTRAS INICIATIVAS

  • Existem políticas e iniciativas das redes, além do PNLD? Quais são?
  • Quem produz os materiais (professores, técnicos das Secretarias, consultores, editoras)?
  • Qual a abrangência dessas políticas e iniciativas de materiais didáticos nas redes? Que etapas, anos e componentes elas contemplam? Para que públicos se voltam (professores, alunos)?
  • Qual seu alcance? Que redes as adotam? Quantas escolas, professores e alunos alcançam? Sua adoção é facultativa ou obrigatória para as redes?
  • Quemateriais essas políticas e iniciativas disponibilizam? A adoção pelas escolas é obrigatória ou facultativa?
  • Quanto custam (recursos financeiros, humanos)?

6.2.2 AVALIAÇÃO DAS PRINCIPAIS INICIATIVAS ADOTADAS PELAS REDES

Após o primeiro levantamento, é importante priorizar as principais iniciativas para uma avaliação mais aprofundada.

  • Quais são as principais iniciativas adotadas pelas redes (com maior alcance, investimento ou com mais indícios de qualidade e eficácia)?

Para avaliar a qualidade dessas iniciativas selecionadas como prioritárias, considere que boas iniciativas, para que apoiem os professores no ensino dos novos currículos:

  • Estão alinhadas à BNCC e ao novo currículo. Ou seja, contemplam todo ou boa parte do conteúdo e dos objetivos do novo currículo, em sequência adequada ao longo do ano escolar, de acordo com suas premissas didáticas e pedagógicas.
  • Têm um processo de avaliação e alinhamento adequado, com critérios claros e avaliadores capacitados e independentes.
  • Atendem a lacunas e demandas das redes que foram diagnosticados de maneira explícita, por exemplo, em resultados de avaliação da aprendizagem dos estudantes.
  • Consideram a opinião dos professores na escolha dos materiais.
  • Possuem canais permanentes de escuta sobre problemas e dúvidas referentes aos materiais disponibilizados que informam processos de melhoria contínua.
  • Garantem a distribuição adequada dos materiais didáticos de acordo com o calendário das escolas.
  • Orientam professores sobre o uso dos materiais didáticos, em articulação com as formações continuadas dos professores e/ou estratégias de apoio pedagógico das escolas.

6.2.3 AVALIAÇÃO DOS PRINCIPAIS MATERIAIS DIDÁTICOS UTILIZADOS PELAS REDES

Nesta etapa, recomenda-se priorizar os principais materiais didáticos para uma avaliação mais aprofundada.

  • Quais são os principais materiais didáticos disponibilizados (mais adotados por redes e escolas, ou com maior percepção de qualidade e alinhamento)?

Importante: Além dos livros didáticos do PNLD e outras obras adotadas pelas redes, também é importante considerar no levantamento outros recursos didáticos, inclusive digitais, como plataformas de atividades para professores, jogos educativos e ambientes de aprendizagem para estudantes, para um mapeamento integrado dos principais recursos disponibilizados pela(s) rede(s), sejam digitais, sejam impressos.

Na etapa 6.2.3, o levantamento envolve listar os materiais adotados, produzidos e comprados pela Secretaria, incluindo os livros adotados no PNLD, outros oriundos de compra e/ou licitação, materiais produzidos por equipes da Secretaria ou professores das redes, bem como aqueles disponibilizados no âmbito de programas ou projetos educacionais das redes.

Uma vez mapeados e priorizados os materiais didáticos adotados e disponibilizados no âmbito das redes para análise, a comissão de materiais didáticos deve coordenar a avaliação técnica dos mesmos, sob a luz de critérios de qualidade, alinhamento e coerência.

É possível contar com o apoio de diferentes organizações para realizar esse diagnóstico. Alguns exemplos de organizações que podem apoiar esse processo são:

  • as equipes de formadores e redatores de currículo do ProBNCC;
  • universidades;
  • centros e escolas de formação de professores;
  • organizações técnicas privadas
  • organizações sociais,
  • entre outras.

AVALIAÇÃO DOS PRINCIPAIS MATERIAIS DIDÁTICOS UTILIZADOS PELAS REDES

A seguir, sugerimos dimensões importantes a serem consideradas nessa análise. É importante que cada equipe construa seus próprios critérios e que estes sejam claros e alinhados ao currículo e às necessidades locais específicas das redes e seu território.

Atenção:  Após a sistematização inicial dos materiais didáticos disponíveis na rede, é importante que eles não sejam encarados ou analisados isoladamente, como em projetos iniciativas e políticas individuais, mas como um recurso integrado que chega ao professor e deve apoiá-lo na tarefa de ensinar o currículo com qualidade.

 

É importante que os materiais didáticos não apresentem falhas nem quaisquer problemas gráficos, de impressão ou encadernação, que afetem a aprendizagem dos alunos, bem como seu manuseio por alunos e professores.

 

Aspectos importantes do alinhamento dos materiais ao currículo, que permitem identificar a adequação do conteúdo e abordagem dos materiais ao ano e à etapa escolar, conforme preconizado no documento curricular, bem como o desenvolvimento de habilidades e competências ali presentes numa perspectiva de sequenciamento e progressão.

 

O rigor conceitual e técnico-pedagógico dos materiais é fundamental para que promovam a aprendizagem dos alunos de forma assertiva e alinhada ao preconizado pelo currículo. Informações atualizadas e pertinentes também proporcionam um maior engajamento dos alunos em relação ao material.

 

As facilidades e possibilidades de uso dos materiais são passíveis de serem identificadas a partir das orientações expressas que eles trazem, abordagem e linguagem adequadas aos públicos aos quais são destinados e pelo suporte e apoio que lhes fornece, tanto para o ensino (professor) quanto para a aprendizagem (alunos).

Atenção:  Na elaboração dos critérios de análise, é importante chamar atenção para aspectos importantes dos novos currículos, como transição entre etapas, habilidades com maiores problemas de aprendizagem nas redes (de acordo com os resultados das avaliações externas), anos e componentes prioritários nas redes, bem como especificidades regionais do currículo local.

Identificados os materiais didáticos que estão alinhados e adequados aos desafios dos novos currículos e sua implementação, é o momento de definir quais iniciativas e materiais serão priorizados pela rede. Aquelas iniciativas que se sobrepõem a outras ou obras que evidenciaram muitas lacunas de qualidade física, foco ou coerência talvez devam cair em desuso ou passar por revisões; ao passo que materiais bem avaliados podem ser mais amplamente indicados e disseminados nas redes. Se aspectos importantes do currículo tiverem ficado de fora do conjunto de materiais analisados, a rede poderá optar pela adoção de iniciativas complementares ou pela escolha mais direcionada de obras e outros recursos do PNLD para dar conta dessas lacunas.

O QUE CONSIDERAR PARA DEFINIR AS INICIATIVAS DE MATERIAIS DIDÁTICOS DAS REDES:

  • Os principais desafios de aprendizagem das redes e a priorização de componentes e etapas que receberão maior investimento técnico e financeiro.
  • O alinhamento ao currículo da rede
  • Os resultados do levantamento das iniciativas e materiais didáticos.
  • A qualidade dos materiais existentes e disponíveis.

> Lembre-se dos critérios de qualidade física, foco e coerência, rigor e usabilidade.

> Atenção especial para a cobertura das habilidades previstas no currículo e seu encadeamento lógico.

  • A forma de disponibilização dos materiais em conjunto para professores e alunos.

> Os materiais devem ser disponibilizados de forma integrada e com orientações sobre como podem ser usados de forma coerente e alinhada aos novos currículos.

> Deve-se organizar os materiais de forma a trazer maior clareza sobre como o currículo pode ser abordado por meio de temáticas, atividades e conteúdos sequenciados ao longo do ano escolar.

  • Recursos/capacidade de execução das redes.

> Deve-se considerar a capacidade técnica e financeira das redes de conduzir as políticas e iniciativas definidas.

  • Oportunidades e desafios do regime de colaboração.

> O regime de colaboração pode otimizar recursos humanos, técnicos e financeiros nas políticas e iniciativas de materiais didáticos.

> Deve-se identificar se a parceria entre redes permite ganhos de escala — com economia na compra, escolha ou produção de materiais, por exemplo — e se permite a colaboração entre times.

  • Logística de distribuição.

> Deve-se dimensionar quantas redes, escolas, professores e alunos receberão as obras e outros recursos didáticos

> Deve-se definir por quais meios — como transporte terrestre, aquático e meio eletrônico, por exemplo — as obras e outros recursos didáticos serão distribuídos e a periodicidade da distribuição.

> Deve-se considerar como garantir que as obras e recursos didáticos de fato cheguem a todos os professores e/ou alunos em tempo adequado para seu uso pedagógico.

Atenção:  Para o planejamento e operacionalização da logística de distribuição, considere:

  • Manter atualizado o número de matrículas de alunos e professores da rede, além do endereço das escolas, para uso das Secretarias, bem como nas plataformas de relacionamento com o MEC, para evitar problemas de falta ou excesso de obras.
  • Estabelecer cronograma de entrega e disponibilização do material que tenha em vista a entrega dos materiais didáticos no final do ano letivo anterior, conferindo tempo hábil para que os professores se apropriem de seu conteúdo e prevenindo possíveis atrasos antes do início das aulas.
  • Monitorar e registrar o processo de entrega e recebimento dos materiais pelas escolas e professores.

Após a definição das iniciativas e materiais didáticos, é possível estruturar de maneira mais detalhada um processo de escolha dos materiais didáticos considerando os parâmetros de qualidade e alinhamento ao currículo, a participação das escolas e professores e também a capacidade técnica e financeira das redes, bem como as condições logísticas e outras especificidades locais.

Atenção:  No caso do PNLD, já existe um processo de escolha previsto. Ainda assim, as orientações deste tópico se aplicam, pois é possível pensar em estratégias próprias das redes para a qualificação desse processo. Lembre-se de que o PNLD está sendo progressivamente alinhado à BNCC, e não aos currículos. Portanto, mesmo no caso do PNLD, a comissão de materiais didáticos pode ter o papel de garantir que os materiais apoiem os professores de seu estado no trabalho com o novo currículo.

6.4.1 ESTRUTURAR E QUALIFICAR O PROCESSO DE ESCOLHA

Nesta etapa, recomenda-se priorizar os principais materiais didáticos para uma avaliação mais aprofundada.

Lembre-se de considerar o regime de colaboração entre estado e municípios.

Uma vez que as iniciativas de materiais didáticos são levantadas e definidas em colaboração, caso haja um processo de escolha, é necessário garantir a orientação e a participação das redes estadual e municipais. Para isso, a estrutura de cascateamento da formação continuada de professores, com equipe central e regionais, pode apoiar ou operacionalizar a preparação e a escuta dos profissionais envolvidos no processo de escolha nas diversas redes do território.

ETAPAS DE ESTRUTURAÇÃO DO PROCESSO DE ESCOLHA DE OBRAS E OUTROS RECURSOS

No caso do PNLD e também de outras iniciativas que incluam processos de escolha de materiais didáticos,cabe à comissão de materiais didáticos apoiar a estruturação ou qualificação do processo de escolha, considerando as seguintes possíveis etapas:

 

BOAS PRÁTICAS:

  • disponibilizar canais de interlocução (plataforma, e-mail etc.) com os professores e coordenadores pedagógicos,para que possam manifestar suas percepções, opiniões e dúvidas sobre as obras e outros recursos didáticos;
  • realizar reuniões regionais de apresentação dos materiais com a presença de representantes das escolas das redes;
  • sistematizar as manifestações dos professores e coordenadores pedagógicos sobre o material, solicitando ou realizando ajustes, se necessário;
  • tomar a decisão pela adoção ou não de determinada obra com base no retorno dos professores e coordenadores pedagógicos da rede.

NORMAS DE CONDUTA

Para garantir a integridade do processo de escolha e a autonomia das escolas, foi publicada a Resolução nº 15, de 26/7/2018, que dispõe sobre as normas de conduta no âmbito da execução do PNLD.

De acordo com a resolução, são obrigações das escolas:

  • manter sigilo sobre os dados de acesso ao sistema de registro de escolha;
  • informar sobre a visita de representante que realizou a divulgação de material do PNLD;
  • entre outras obrigações.

POR SUA VEZ, É PROIBIDO ÀS ESCOLAS:

  • aceitar, a qualquer tempo, vantagens, presentes ou brindes dos representantes em razão da escolha dos materiais do PNLD;
  • permitir o acesso de representantes nas dependências da escola durante o período de Registro da Escolha;
  • permitir o acesso de representantes aos dispositivos em que é realizado o Registro da Escolha;
  • disponibilizar, a qualquer tempo, espaço público para a realização de eventos promovidos pelos representantes;
  • permitir, a qualquer tempo, a participação dos representantes em eventos promovidos pela escola; entre outros impedimentos.

A íntegra da Resolução nº 15, de 26/7/2018, e os demais instrumentos legais que regulam a execução do PNLD estão disponíveis para consulta em: http://www.fnde.gov.br/programas/programas-do-livro/livro-didatico/legislacao

6.4.2 DEFINIR OS CRITÉRIOS PARA A ESCOLHA DE MATERIAIS DIDÁTICOS

Após a definição da estrutura do processo de escolha, a comissão de materiais didáticos deve estabelecer critérios e responsabilidades para os participantes de cada uma das etapas de escolha. No caso de haver uma triagem inicial de materiais e uma posterior escolha participativa da rede, os critérios da triagem e da escolha participativa devem ser alinhados e complementares.

* Lembre-se das dimensões a serem consideradas para a definição dos critérios de qualidade das obras e outros recursos didáticos (aqui):

  • qualidade física;
  • foco e coerência;
  • rigor;
  • usabilidade.

6.4.3 PRODUZIR E DISSEMINAR ORIENTAÇÕES PARA A ESCOLHA ADEQUADA DAS OBRAS E OUTROS RECURSOS

É essencial qualificar os processos de escolha das iniciativas de materiais didáticos das redes por meio de ações como:

  • Ampla divulgação do currículo e da importância de que ele oriente a escolha dos professores.
  • Publicação ampla dos resultados do levantamento e análises das obras e outros recursos didáticos para orientação da escolha.
  • Disponibilização de guias, critério e outros instrumentos de orientação para uma boa escolha de materiais didáticos, com especial atenção para o alinhamento ao novo currículo e com base nos resultados do mapeamento (item 6.2).

Cabe à comissão de materiais didáticos acompanhar e apoiar o planejamento e a operacionalização da distribuição dos materiais didáticos, por meio de ações como:

  • Articular equipes estadual e municipais, para que o planejamento e a disponibilização dos materiais didáticos atendam às redes, escolas, professores e/ou alunos estaduais e municipais, considerando o currículo, o calendário escolar e o regime de colaboração.
  • Dar visibilidade dos prazos às equipes das Secretarias, escolas e professores.

Problemas de disponibilização de materiais didáticos podem comprometer o planejamento pedagógico e a qualidade do trabalho realizado pelos professores nas escolas, mesmo que o processo de escolha ou o material didático em si sejam de alta qualidade.

Além das definições sobre a escolha dos materiais, é importante que a comissão de materiais didáticos considere e apoie a definição das estratégias de formação continuada e apoio pedagógico ao professor, para orientá-lo para o uso e a apropriação do material didático de forma alinhada ao novo currículo.

A formação continuada atrelada ao uso dos materiais didáticos adotados pelas redes deve estar integrada à formação continuada para os novos currículos (Capítulo 4 deste Guia). Dessa forma, as premissas que orientam uma formação continuada de qualidade devem ser consideradas.

Como forma de apoiar e incentivar os professores a adotarem e compartilharem boas práticas de uso de materiais, para além dos momentos de formação, recomenda-se fortalecer os momentos de planejamento e trabalho pedagógico coletivo no nível das redes e das escolas. Para isso, a comissão de materiais didáticos pode:

  • Fornecer orientações para os supervisores escolares das redes ou para os coordenadores pedagógicos de como planejar e organizar o uso de materiais didáticos em meio à rotina do professor, de forma alinhada ao novo currículo, aos PPs, às metas de aprendizagem das escolas, planos de ação e momentos de formação continuada na escola.
  • Apoiar o desenvolvimento de planos de aula e sequências didáticas, utilizando os materiais didáticos, para apoiar professores a melhorarem sua prática em sala de aula e a aprendizagem dos seus alunos.

Para que esse trabalho seja possível, é muito importante que haja, a todo tempo dos processos de implementação da formação continuada, do apoio à revisão dos PPs e do alinhamento dos materiais didáticos, clareza sobre a relação entre:

  1. o currículo e as formações continuadas de professores;
  2. entre o currículo e os PPs das escolas;
  3. entre o currículo e os materiais didáticos adotados pela rede.

O currículo dele ser o norte e o eixo de coerência e alinhamento entre todas as demais políticas e iniciativas educacionais das redes.

BOAS PRÁTICAS DE GESTÃO PARA UM BOM USO DOS MATERIAIS DIDÁTICOS

  • O currículo orienta o uso de materiais: A partir do currículo, avalia-se o que está coberto ou não pelas obras e outros recursos didáticos disponibilizados pelas redes, e se é necessária a introdução de recursos complementares, por meio de iniciativas próprias das redes, ou de uma escolha mais direcionada dos materiais do PNLD.
  • Estrutura de formação continuada da rede e apoio pedagógico das escolas articula as principais políticas de promoção da aprendizagem de forma coerente: formação continuada de professores, currículo, construção de materiais didáticos e uso pedagógico dos materiais e dos resultados das avaliações.
  • Planos/roteiros de estudo para os anos e etapas das redes que sugerem e discutem com os professores, de forma colaborativa: o que deve ser ensinado, quando deve ser ensinado, como deve ser ensinado, sugestões de atividades, indicações sobre quais partes das obras ou outros recursos didáticos apoiam o trabalho com tal conteúdo, habilidade ou competência do currículo.
  • Formações frequentes de professores atreladas ao uso de materiais.
  • Planejamento semanal em que professores de uma mesma área se reúnem para pensar e organizar juntos suas aulas nos momentos de hora-atividade, utilizando os materiais didáticos.
  • Horário pedagógico coletivo em rede de professores, por componente e por nível:

> Rede faz escolha unificada de obras e recursos didáticos do PNLD, com escuta e participação de professores na escolha.

> Professores constroem juntos materiais complementares para serem usados em sala de aula.

> Professores compartilham seus materiais de referência, atividades, músicas e outros recursos com seus colegas.

> Professores compartilham aprendizados sobre o uso e se formam em colaboração.

  • Uma rotina pedagógica e de aula mais organizada e comum em toda a rede, graças à articulação entre equipes de formação, materiais didáticos, gestão escolar e professores, que permite que estes últimos consigam dedicar mais tempo em seu trabalho em sala de aula e no desenvolvimento de estratégias didáticas e metodológicas para ministrar as aulas, considerando o currículo e o uso dos materiais.
  • Equipe da Secretaria ou parceiro dedicado a construir materiais didáticos de apoio adaptados às necessidades dos professores, sobretudo orientando-os a trabalhar na chave de competências e habilidades, considerando o currículo e os resultados das avaliações de aprendizagem.
  • espaços/plataformas de estudo e de materiais de consulta ao professor, com curadoria de qualidade e alinhamento feita pela equipe de formação de professores.

Para garantir a melhoria contínua das políticas, iniciativas, obras e outros recursos didáticos adotados pelas redes, é importante que a comissão de materiais didáticos monitore o cumprimento adequado das atividades aqui previstas, bem como mantenha canais de escuta permanente dos gestores e professores sobre a qualidade e possíveis melhorias das políticas, iniciativas e materiais.

A seguir apresentamos uma sugestão simples de cronograma de como esses processos e ações podem ser distribuídos ao longo do tempo, cabendo à comissão de materiais didáticos construir o cronograma definitivo de seu estado, em articulação com as demais equipes das Secretarias.