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(Re)elaboração
Curricular

Esta etapa coloca em prática o que foi planejado até o momento e tem como resultado um novo documento curricular que deverá garantir as aprendizagens previstas na BNCC e servir como norte para elaboração ou revisão dos PPs da escola e do planejamento do professor.

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3. (Re)elaboração curricular

Questões para reflexão

  • O que bebês, crianças e jovens devem aprender?
  • Como a formação integral estará contemplada no documento curricular?
  • Como os objetivos de aprendizagem / habilidades / objetos do conhecimento do novo currículo corresponderão às indicações da BNCC?
  • Como faremos para que a realidade local esteja contemplada na proposta curricular? Conteúdo? Temas? Estratégias? Textos?

Nesta etapa, os maiores desafios serão: cuidar para que o processo maximize e valorize a participação de todos os profissionais das redes estadual e municipais e escolas públicas e privadas; que a estrutura e a proposta estejam claras e tenham coerência (na terminologia e na concepção de aprendizagem) e que o produto final tenha uma progressão adequada que garanta as aprendizagens previstas na BNCC dialogando com a realidade local.

Com base na definição das diretrizes para a (re)elaboração curricular, será necessário compor grupos de trabalho para a redação do novo documento curricular.

Grupo de trabalho, neste guia, refere-se à organização em que profissionais se relacionam para discutir, aprofundar e desenvolver o documento curricular. Por exemplo: o redator de um determinado componente pode convidar alguns professores de grande conhecimento e legitimidade para construir, de forma coletiva, a proposta do currículo para tal componente.

Os grupos podem ser organizados por etapas – Educação Infantil (com divisão por faixa etária) e Ensino Fundamental (Anos Iniciais e Finais), áreas de conhecimento, componentes curriculares, temas transversais e integradores, competências gerais da BNCC, entre outros. Eles serão responsáveis por sistematizar uma versão preliminar do documento curricular

Atenção: A comunicação ao longo desta etapa terá foco no compartilhamento de informações sobre o processo de (re)elaboração curricular, de forma a assegurar o máximo de participação possível. Deve-se comunicar com clareza quais são os objetivos, passos do processo, cronograma previsto, atividades agendadas (formações, reuniões dos grupos de trabalho etc), atores envolvidos, consultas públicas, entre outros.

Para estimular a comunicação e o engajamento, é possível realizar um evento, ou eventos, de lançamento dos trabalhos de (re)elaboração curricular, com ampla representatividade da comunidade escolar, além de manter uma frequente troca de e-mails/mensagens com professores informando o status e o andamento das etapas.

Dar início ao processo com engajamento e transparência ajuda durante o todo o percurso da implementação.

Em regime de colaboração, além da qualidade técnica dos profissionais, deve-se ter atenção para garantir a representatividade nos grupos de trabalho, tanto entre estado e municípios, como em relação às escolas privadas. Para que os grupos não fiquem muito numerosos, sugere-se também convidar atores externos à equipe de currículo para participação em momentos específicos.

Atenção: Recomenda-se a existência de uma rotina de trocas e alinhamentos entre os diferentes grupos de trabalho. Isso é importante para que a transição entre as etapas da Educação Básica garanta a integração e continuidade dos processos de aprendizagens e que os componentes ou áreas do documento curricular dialoguem de maneira interdisciplinar e trabalhem conjuntamente as competências gerais da BNCC.

Exemplos desses atores são: movimentos sociais relacionados aos temas transversais e integradores, entidades acadêmicas, associações de estudantes, 3º setor e demais representantes da comunidade escolar.

O Programa de Apoio à Implementação prevê formação continuada presencial e a distância para as equipes de currículos. Será disponibilizado também apoio remoto para essas equipes por meio de grupos de especialistas para tirar dúvidas, aprofundar questões específicas e compartilhar sugestões com as equipes de gestão e currículo de todos os 26 estados e do Distrito Federal.

Clique nos botões abaixo para mais informações sobre as responsabilidades dos membros da equipe responsável pela (re)elaboração curricular.

A construção de uma versão preliminar deve considerar a BNCC e os documentos curriculares existentes e começar a partir das discussões e das sistematizações dos Grupos de Trabalho (GTs), sempre procurando contemplar os contextos locais e regionais. É recomendável que esse processo aconteça nos GTs simultaneamente, mas sob coordenação da equipe gestora responsável pela (re)elaboração curricular, garantindo a coerência e o alinhamento do processo, a transição gradual entre etapas e a interdisciplinaridade.

A redação deverá ser bastante cuidadosa para que o documento tenha clareza, unidade e coerência e para que proponha uma progressão das aprendizagens, articulação entre os diferentes componentes, observação do tempo necessário para trabalho do professor com aluno etc.

Atenção: Os conselhos estaduais e municipais de educação, quando compor um documento à parte? envolvidos desde o início da (re)elaboração curricular, poderão contribuir significativamente em todo o processo.

Perguntas que podem ajudar a nortear a escrita da primeira versão:

  • Qual o sujeito que se quer formar ao final da etapa contemplada pelo documento curricular?
  • Qual o melhor formato de documento curricular e linguagem para que se favoreça o uso pelos professores?
  • A partir de quais elementos o currículo do estado se diferenciará da BNCC?
  • De que forma cada área ou componente curricular deve contribuir para que os alunos desenvolvam as competências gerais indicadas na BNCC?
  • Como elaborar um documento curricular que considere crianças, jovens e adultos das diferentes escolas do município, região e estado?
  • Como os elementos socioculturais, ambientais e econômicos do estado podem ser expressos no documento curricular? E quais são as competências, habilidades e objetos do conhecimento específicos que podem ser enfatizados e aprofundados considerando tais elementos?
  • Como o documento curricular pode favorecer a interdisciplinaridade ou a transversalidade?
  • As modalidades de educação oferecidas no estado devem ser contempladas no documento curricular ou devem Os conselhos estaduais e municipais de educação, quando compor um documento à parte?

ESTRUTURA CURRICULAR

Deve-se estabelecer a estrutura do documento curricular a ser (re)elaborado, de acordo com sua proposta pedagógica. Os documentos curriculares podem assumir diversos formatos tendo a BNCC como referencial. As formas de organização e da progressão das aprendizagens são pontos importantes a serem definidos.

Exemplos de elementos que podem constituir os currículos:

Elementos centrais

  • Histórico curricular e descrição do processo;
  • Marcos legais que sustentam o currículo;
  • Definição dos sujeitos que se quer formar;
  • Definição de princípios ou conceitos de ensino e de aprendizagem;
  • Indicação de temas transversais e integradores, relacionados às temáticas contemporâneas e exigidos por legislação e normas específicas;
  • Formas de organização e agrupamento das habilidades e/ou objetos de conhecimento (aspecto diretamente relacionado às aprendizagens esperadas para os estudantes).

Elementos complementares

  • Orientações pedagógicas com propostas de atividades, projetos ou sequências didáticas sugerindo ou ilustrando como professores podem trabalhar determinadas competências ou habilidades;
  • Sugestões de interrelações entre habilidades e objetos de conhecimento de diferentes componentes curriculares ou áreas de conhecimento, de forma integrada às competências gerais;
  • Indicações de metodologias e estratégias didático-pedagógicas diversificadas, considerando a defasagem e distorção idade-série;
  • Referenciais para fundamentar a avaliação e sugestões de como os professores podem avaliar o que é indicado no documento curricular;
  • Orientação sobre organização de tempos e espaços.

DIVERSIDADE E ORIENTAÇÕES ADICIONAIS

O documento curricular deve dialogar com a realidade da comunidade local. Para isso, seu processo de (re)elaboração deve considerar a contextualização das aprendizagens da BNCC à luz de aspectos como características demográficas, naturais e econômicas, e elementos socioculturais do estado, assim como temas contemporâneos que afetam a vida humana em escala local, regional e global, indicados por lei (ver página 19 da BNCC).

Estado e municípios que trabalharem em regime de colaboração para a (re)elaboração de um documento curricular do estado poderão reforçar aspectos da aprendizagem relacionados ao contexto local por meio de orientações adicionais e rotinas pedagógicas que apoiam os professores na implementação desse documento, como o desenvolvimento e revisão dos PPs, formação de professores e recursos didáticos.

Para isso, o engajamento das instâncias regionais durante o processo de (re)elaboração do novo documento é fundamental, tanto para a contribuição durante a sua construção quanto para a apropriação das equipes técnicas e pedagógicas das secretarias e escolas sobre o documento curricular proposto. Reforça-se que nessa participação conjunta não deve haver hierarquia entre redes. Todos são igualmente parte do processo colaborativo.

Atenção: Para apoiar os esforços de (re)elaboração curricular, uma ferramenta digital da plataforma Educação é a Base está disponível para orientar o processo nas diferentes etapas e componentes curriculares. A ferramenta contém:

  • Orientações sobre como contextualizar, complementar e aprofundar as habilidades e objetivos de aprendizagem previstos na BNCC;
  • Vídeos com especialistas sobre o processo de (re)elaboração curricular;
  • Indicações sobre relações entre habilidades e competências destacando a progressão da aprendizagem, o desenvolvimento integral e oportunidades de trabalho interdisciplinar.

Para garantir um processo participativo e que contemple as diversas realidade do estado, recomenda-se a realização de consultas públicas para a coleta de contribuições. Essas consultas podem ser realizadas a distância, por formulários on-line ou físicos, ou presencialmente, com eventos regionais nos municípios ou em grupos de municípios.

Sugere-se considerar a inclusão de múltiplos atores nas consultas e fazer ampla divulgação desse momento de escuta à sociedade. Um processo de (re)elaboração curricular participativo e democrático contribui para a legitimidade e implementação do novo documento.

Exemplos desses atores são descritos abaixo. A lista não é exaustiva e traz atores comumente envolvidos nos processos de consulta nos estados e municípios, mas a participação varia de acordo com suas especificidades, bem como com o histórico de participação de diferentes entidades no debate educacional:

  • Comunidade escolar: professores, coordenadores pedagógicos, diretores e conselhos escolares (escolas municipais, estaduais, federais e privadas);
  • Associação de pais;
  • Associação de estudantes;
  • Sindicatos de profissionais da educação;
  • Representantes das escolas particulares;
  • Universidades públicas e privadas;
  • Entidades acadêmicas;
  • Entidades ligadas ao governo;
  • Comissão de educação da assembleia legislativa;
  • Confederações, fóruns e conselhos do setor educacional;
  • Movimentos sociais relacionados aos Temas Integradores;
  • Entidades do 3º setor;
  • Outras entidades e representações relevantes no estado.

Sugere-se ser transparente e claro quanto aos critérios de escuta para a consulta, definindo e divulgando as questões em torno das quais se organizará o processo. A formulação dessas questões e sua organização em formulários (digitais ou físicos) a serem preenchidos, com perguntas objetivas, facilita a o processo de sistematização e análise das contribuições coletadas.

Atenção: A Plataforma Educação é Base conta com uma funcionalidade de consultas públicas para os currículos em construção, relatórios com os resultados destas consultas e uma interface colaborativa e participativa. Nela, pode-se organizar grupos de trabalho ampliados, com representantes regionais de cada etapa, área ou componente, durante o processo de elaboração da primeira versão e demais etapas.

Após receber as contribuições dos profissionais da educação e, se possível, da sociedade civil, essas devem ser sistematizadas para incorporação na proposta curricular. Recomenda-se dar um retorno à sociedade, ainda que em nível macro, das modificações feitas à luz das contribuições recebidas ao longo da consulta pública. Vale ressaltar que o documento curricular é vivo e que sofrerá revisões e modificações ao longo do tempo.

Após a conclusão da proposta, o documento é encaminhado aos conselhos estaduais ou municipais de educação para a sua normatização dependendo de sua competência em cada estado. Antes de enviar a proposta curricular aos conselhos de educação e torná-la pública, garanta uma revisão final do documento, verificando a coerência e o alinhamento da proposta à BNCC. Ajustes adicionais poderão ser feitos à luz das recomendações dos conselhos de educação.

Atenção:  O envolvimento dos conselhos de educação durante todo o processo ajuda a garantir alinhamento e agilidade na análise do documento e sua normatização. É importante verificar na legislação local o papel do conselho de educação no processo.