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Formação continuada para novos currículos

O Objetivo desta dimensão é preparar a coordenação estadual de currículo para o planejamento e execução da formação continuada para os novos currículos de referência de maneira integrada às ações formativas das redes.

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4. Formação continuada para novos currículos

Questões para reflexão

  • Quais são as premissas para uma formação continuada que prepare os professores para o desenvolvimento das aprendizagens dos novos currículos?
  • Como garantir que as ações formativas alcancem todas as equipes gestoras das escolas e professores das redes?
  • Quais são as principais necessidades de professores, equipes gestoras e formadores para a implementação dos novos currículos?
  • Como pode ser executada a formação continuada para professores e equipes gestoras, considerando as prioridades das redes e os recursos disponíveis?
  • Como promover uma formação continuada em regime de colaboração para os novos currículos que seja integrada e apoie uma revisão das políticas de formação das redes?

A partir de 2019, todos os professores terão a oportunidade de serem formados para o trabalho com os novos currículos, elaborados em regime de colaboração e norteados pela BNCC. Para isso, a Coordenação Estadual de Currículo deverá estabelecer uma estrutura de formação continuada em regime de colaboração capaz de garantir a implementação dos novos currículos em cada sala de aula.

As ações aqui sugeridas podem servir de apoio para uma revisão das políticas de formação específicas das redes estaduais, municipais, federal e de escolas privadas. Para que isso ocorra, é necessário promover a integração constante entre os diferentes sujeitos envolvidos nas formações.

A fim de assegurar a qualidade das ações de formação, esse guia aponta para premissas relacionadas ao aplanejamento e execução das formações e para premissa relacionadas à metodologia e conteúdo das formações.

Baseado no estudo “Formação Continuada de Professores: Contribuições da Literatura Baseada em Evidências”, da Fundação Carlos Chagas e Todos pela Educação; e no “Documento de Considerações para Orientar o Aperfeiçoamento das Políticas de Formação Continuada de Professores à Luz da implementação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC)” do Grupo de Trabalho do Consed e Undime de formação continuada de professores.

Premissas para o planejamento e execução das formações:

  • REGIME DE COLABORAÇÃO: o trabalho colaborativo entre Estados e municípios pode ampliar os recursos disponíveis para a formação (humanos, físicos e financeiros), a qualidade e a coerência das formações, o alcance e a frequência das iniciativas e a troca de boas-práticas. É importante que a Coordenação Estadual de Currículos mobilize as redes para trabalhar conjuntamente no planejamento e implementação das ações de formação continuada para os novos currículos.
  • CONTINUIDADE: o processo de aprendizado não é linear e depende de reflexão, mudança e aprimoramento contínuo da prática. Nesse sentido, as formações não devem ser apenas atividades pontuais.
  • FORMAÇÃO NO DIA A DIA DA ESCOLA: as formações devem acontecer não apenas em momentos formativos da secretaria, mas também nas reuniões pedagógicas e em momentos de acompanhamento entre equipe gestora e professores.
  • COERÊNCIA: as formações devem contemplar o contexto em que cada professor está inserido. Para isso, devem considerar os Projetos Pedagógicos, os materiais didáticos utilizados pelas escolas, entre outras políticas das redes.
  • USO DE EVIDÊNCIAS: a formação continuada deve ser constantemente revisada e aprimorada a partir de evidências sobre o desenvolvimento dos educadores, como os resultados educacionais dos estudantes e as devolutivas das escolas e dos professores sobre a eficácia das ações formativas.

Premissas para a metodologia e conteúdo das formações:

  • FOCO NO DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS E HABILIDADES: A BNCC representa uma importante mudança na prática de ensino, portanto, a formação deve focar não apenas no conteúdo a ser ensinado, mas também preparar os professores para o desenvolvimento das competências e habilidades, apoiando-os desde o processo de planejamento de aulas até o de acompanhamento das aprendizagens dos estudantes nessa nova perspectiva. Afinal, para que os professores possam desenvolver nos estudantes as competências definidas na BNCC, em especial as dez competências gerais, é essencial que tenham a oportunidade de vivenciar uma formação que apoie o seu desenvolvimento nesses aspectos.
  • METODOLOGIAS ATIVAS: a formação deve ser significativa para os professores, colocando-os como protagonistas do seu processo de desenvolvimento e contemplando elementos do seu dia a dia de trabalho. Para isso, é possível propor a construção conjunta de planos de aula alinhados ao currículo; a análise da produção dos estudantes como ponto de partida para discussão sobre o processo de ensino e aprendizagem; a observação de sala de aula com devolutivas formativas para o professor; entre outras estratégias. Em suma, a formação deve ser menos baseada na exposição de conhecimento, e mais na construção conjunta, discussão, mudança da prática e na reflexão.
  • TRABALHO COLABORATIVO: a colaboração entre professores contribui para a troca de boas práticas e discussões aprofundadas sobre o processo de ensino e aprendizagem dos estudantes. Essa colaboração se torna ainda mais importante no contexto de implementação dos novos currículos, que representam uma mudança para todos os educadores. Essa premissa deve pautar a dinâmica dos encontros de formação, favorecendo que se aprenda por meio do diálogo e da cooperação.
  • FOCO EM COMO DESENVOLVER OS CONHECIMENTOS: a formação continuada deve trabalhar três aspectos: I) o conhecimento pedagógico geral (ex: como montar um plano de aula com objetivos claros de aprendizagem); II) o conhecimento do conteúdo em si, em especial quando forem temas que os professores não costumavam trabalhar em determinado ano e/ou componente; e III) o conhecimento pedagógico do conteúdo, ou seja, como os estudantes desenvolvem determinada habilidade e como apoiar esse desenvolvimento através do ensino.
  • USO DE DADOS: O uso dos resultados educacionais deve fazer parte da metodologia de formação, para que seja contextualizada e direcionada para as necessidades reais dos professores e dos estudantes. A formação continuada deve apoiar os professores na análise dos resultados educacionais das turmas e no (re)planejamento de aulas à luz do progresso dos estudantes.

A Coordenação Estadual de Currículo, com apoio da Comissão Estadual de Currículo, deve definir a governança para a formação continuada em regime de colaboração.

Sugere-se que cada estado conte com uma equipe central, composta por Coordenadores Estaduais de Currículo e lideranças das ações de formação continuada das redes estadual e municipais, assim como equipes regionais distribuídas no estado. Essa equipe central deve garantir a formação dos professores e equipes gestoras das escolas estaduais e municipais do estado para o novo currículo.

A composição da equipe central é o primeiro passo para início de todo o processo de formação.

Atenção: A quantidade de profissionais que irá compor as equipes de formação deve ser definida a partir do diagnóstico das necessidades das redes. A quantidade de bolsas oferecidas a cada estado e ao DF pelo Programa de Apoio à Implementação da Base Nacional Comum Curricular (ProBNCC) permanece a mesma para o segundo ano do programa.

 

A equipe central deve contar com profissionais que terão dois principais focos: a gestão das ações e a formação.

 

Entenda mais sobre a equipes regionais no capítulo 4.3.

Clique nas áreas abaixo para mais informações sobre o perfil e as responsabilidades das equipes.

Após definida a governança, a equipe central deve realizar o diagnóstico de pelo menos 3 aspectos:

  • i) As ações formativas já existentes ou planejadas nas redes;
  • ii) Os recursos financeiros, materiais e humanos disponíveis nas redes para a execução das formações;
  • (II) As necessidades formativas de professores, equipes gestoras das escolas e equipes técnicas com relação aos novos currículos.

Com essas informações será possível realizar um planejamento que atenda às necessidades das redes e aproveite ao máximo os recursos disponíveis.

Sugestão: É essencial que a equipe central mobilize a rede estadual e as redes municipais na coleta e análise das informações coletadas.

EXEMPLOS DE PERGUNTAS A SEREM RESPONDIDAS NO DIAGNÓSTICO

Mapeamento das ações formativas das redes:

  • Quais formações já são oferecidas pelas diferentes redes de ensino e como elas dialogam com a necessidade de formar para os novos currículos?
  • Qual a efetividade e regularidade dessas formações?
  • Com qual frequência e em que horário os professores já têm o costume de participar de formações?
  • Quais tipos de formação são melhor avaliadas pelos professores?
  • Já há experiências de formação realizadas em regime de colaboração no estado?
  • Existe algum planejamento ou experiência prévia dentre as redes do estado de formação continuada para os novos currículos?

Mapeamento dos recursos disponíveis:

  • Com quais e quantos formadores as redes de ensino do estado já contam?
  • Com quais e quantos profissionais as redes poderiam contar para para realizar as formações?
  • Quais recursos (de infraestrutura, financeiros , etc.) estão disponíveis nas redes do estado para formação?
  • Quais recursos poderiam vir a ser utilizados para a formação?
  • Quais instituições locais poderiam contribuir para a formação? (ex: universidades, centros de formação, organizações sociais, etc)
  • Quais e quantas redes possuem centros/núcleos de Formação?
  • Com qual estrutura as escolas das redes contam para realizar as formações? (internet, espaços para os encontros, entre outros)
  • Qual estrutura de transporte disponível nas redes podem ajudar na locomoção de formadores e professores?
  • Quais recursos podem ser compartilhados entre as redes estadual e municipais?

Mapeamento das necessidades de professores e equipes gestoras:

  • Quantos professores de cada etapa/componente lecionam em cada rede e em cada município?
  • Quantos professores trabalham em mais de uma rede ou em escolas particulares?
  • Qual a disponibilidade de tempo dos professores e equipes gestoras para participar das formações?
  • Qual percentual de professores com formação adequada nos componentes em que lecionam?
  • Quais as principais mudanças trazidas pelo novo currículo com relação ao currículo vigente que deverão impactar a prática dos professores?
  • Qual o conhecimento prévio dos formadores, equipes gestoras e professores sobre a BNCC e os novos currículos?
  • Quais são as principais demandas dos formadores, equipes técnicas, equipes gestoras e professores sobre esses temas?

Sistematização e apresentação dos dados: Após o levantamento dos dados, a equipe central deve sistematizar e analisar os dados obtidos e compartilhar suas conclusões com as redes. Essas informações irão contribuir para a elaboração de um planejamento mais efetivo, que responda às necessidades das redes e que utilize de maneira eficiente os recursos disponíveis.

A partir do diagnóstico, a equipe central deve planejar as ações de formação.

Ao longo desse processo, é importante traçar estratégias de comunicação que permitam que todas as escolas das redes conheçam e, na medida do possível, contribuam para esse processo.

O processo de planejamento deve contar com 6 etapas:

4.3.1 Delimitar as regiões de atuação;
4.3.2 Compor as equipes regionais;
4.3.3 Definir os temas prioritários da formação;
4.3.4 Definir as modalidades e os recursos para execução das formações;
4.3.5 Definir o cronograma das formações nas regiões;
4.3.6 – Definir os processos de monitoramento e avaliação das formações.

Lembre-se das premissas de qualidade para o planejamento e execução da formação continuada

  • Regime de colaboração
  • Continuidade
  • Formação no dia a dia da escola
  • Coerência
  • Uso de evidências

4.3.1
DELIMITAR AS REGIÕES DE ATUAÇÃO

Devem-se definir as escolas com as quais cada equipe regional irá trabalhar. Para isso, delimitações territoriais já existentes no estado, como a estrutura das regionais de ensino da Secretaria Estadual de Educação, podem ser um ponto de partida.

Para que se respeitem as características territoriais e a dinâmica de formação já existente nas redes, é essencial que essa definição seja realizada em diálogo com redes municipais de educação e com os profissionais que farão parte das equipes regionais.

Atenção: É importante que não se observe apenas a distância entre os diferentes municípios, mas também a quantidade de professores e equipes gestoras que precisarão ser formados, assim como as parcerias de formação já estabelecidas pelas redes. A etapa de diagnóstico é essencial para uma definição que responda a todas essas questões.

4.3.2
COMPOR AS EQUIPES REGIONAIS

As equipes regionais têm o papel de garantir que todas as escolas do estado recebam formações presenciais com uma periodicidade constante. Para isso, a equipe central deve compor equipes regionais com profissionais voltados para a gestão e para a execução das formações nas escolas.

Atenção: Em regiões que não possuem corpo técnico suficiente para gerir e realizar as formações, podem ser firmadas parcerias com centros de formação, universidades, entre outras instituições com experiência consolidada na formação continuada de professores. Nesses casos, é importante que a equipe central realize o alinhamento e acompanhamento do trabalho realizado por essas instituições, para que se garantam as premissas de formação descritas neste Guia.

 

Entenda mais sobre a equipe central no capítulo 4.1

 

As equipes regionais têm o papel de garantir que todas as escolas do estado recebam formações presenciais com uma periodicidade constante. Para isso, a equipe central deve compor equipes regionais com profissionais voltados para a gestão das ações para a execução das formações nas escolas*

(*) A depender da disponibilidade de recursos humanos de cada local, é possível que os mesmos indivíduos da equipe regional responsáveis pela formação também realizem o trabalho de gestão das ações em seu território

 

Clique nas áreas abaixo para mais informações sobre o perfil e as responsabilidades das equipes.

4.3.3
DEFINIR OS TEMAS PRIORITÁRIOS

Para traçar um cronograma das ações ao longo do ano é necessário definir quais serão os temas prioritários da formação. Sugere-se que essa definição seja feita com base nos seguintes insumos:

  • O resultado do diagnóstico das necessidades das redes (tópico 4.2). Em especial, o levantamento das principais inovações trazidas pelos novos currículos com relação aos currículos vigentes, ou seja, aquelas que mais gerarão mudanças na prática dos professores;
  • Os resultados e as dificuldades observadas nas primeiras formações com equipes gestoras e professores, que deverão focar no estudo e aprofundamento da estrutura, fundamentos, conceitos e metodologia dos novos currículos.

Atenção: Os temas que serão tratados nas formações devem ser revisados periodicamente, com base nos diagnósticos realizados pela equipe central e nas necessidades que os professores apontarem no decorrer das formações.

4.3.4
DEFINIR AS MODALIDADES E OS RECURSOS

As formações podem ser oferecidas em diferentes modalidades e espaços, a depender das necessidades das redes, de seus recursos disponíveis, das especificidades de cada região e dos temas que serão trabalhados em cada formação. Assim, cabe à equipe central, junto com as equipes regionais de gestão, definir o tipo de formação que melhor atende à sua realidade.

4.3.5
DEFINIR O CRONOGRAMA

A equipe central, em diálogo com as redes, deve definir um cronograma para implementação da formação. Todos os sujeitos que participam do processo formativo devem ser informados sobre o cronograma e sua realização deve ser monitorada e revisada sempre que necessário. No fim desse capítulo, apresentamos uma sugestão de cronograma.

Modalidades:

 

As formações presenciais têm papel fundamental para uma implementação curricular que chegue efetivamente às salas de aula. Dessa forma, deve-se estabelecer uma periodicidade mínima de encontros presenciais para cada público-alvo e definir os recursos necessários para a execução da formação presencial.

Parte da formação sobre os currículos pode ser realizada via EAD. Nesse caso, recomenda-se que professores e equipe gestoras tenham papel ativo durante essas formações, devendo interagir e receber devolutivas nos cursos. Essa modalidade deve ser complementar à formação presencial.

A mediação tecnológica pode ser usada em parte da formação. Nessa modalidade, um formador central remoto faz a apresentação da pauta e mediadores presenciais realizam a dinâmica da formação com os participantes nas regiões. Essa dinâmica pode ser usada quando, por exemplo, houver a necessidade de participação de um especialista. É essencial que nesses casos haja espaços de trabalho ativo e não apenas a exposição de vídeos e elucidação de dúvidas.

 

Recursos materiais e humanos:

 

Espaços das escolas: Uma premissa de qualidade das formações é que elas ocorram no dia a dia das escolas. Dessa forma, recomenda-se oferecer momentos formativos que utilizem o espaço da própria escola dos professores e, quando possível, os períodos de sua carga horária destinados à formação. Espaços de formação das redes: Muitas redes já possuem espaços e equipamentos próprios para a formação. É importante articular, em regime de colaboração, o uso desses recursos para execução das ações planejadas.

Professores e técnicos de referência das redes: Muitas redes possuem em seu corpo docente profissionais reconhecidos em determinados temas que podem auxiliar na formação em suas regiões. É importante conhecer e mobilizar esses profissionais para apoiar a formação. Especialistas externos: Caso seja mapeada a necessidade de formação para um tema específico, para o qual não se tenha repertório técnico já constituído nas redes, pode ser necessário a busca por profissionais externos. É importante mapear essas demandas e identificar indivíduos e/ou organizações que possam atendê-las.

Parcerias com IES e outros centros de formação: Em alguns estados, as instituições de ensino superior (IES) têm experiência com ações de formação. Nesses casos, pode ser interessante articular parcerias para contar com o corpo técnico e recursos físicos das instituições na formação para os novos currículos. Essas instituições podem também realizar a gestão e formação, com o acompanhamento da equipe central, em regiões que necessitem de apoio técnico e de estrutura.

Atenção: Como muitas redes já possuem políticas de formação em curso, será importante realizar o alinhamento com as ações de formação para implementação dos novos currículos.

 

Sugere-se que se estabeleçam estratégias de comunicação entre a equipe central de gestão e as equipes regionais de gestão, e, principalmente, entre as equipes regionais e as equipes gestoras das escolas de sua região, para que todos conheçam e dialoguem com o planejamento das formações.
É importante incluir na comunicação as redes municipais, estadual e federal, assim como escolas privadas, a fim de sensibilizá-los para a necessidade de revisão de suas ações formação continuada a partir dos novos currículos estadual ou municipal.

É necessário realizar a previsão dos recursos financeiros necessários para as ações planejadas, além de definir um cronograma de execução financeira para efetivação da formação ao longo de 2019.
O levantamento dos recursos disponíveis deve ser realizado ainda na etapa de diagnóstico, a fim de que o planejamento seja condizente com a realidade financeira das redes.

Realizado o planejamento e definido o cronograma, deve-se dar início à execução das formações.

Esse processo deve partir do estudo e aprofundamento nos novos currículos e ocorrer à luz dos princípios e metodologias ativas preconizadas por esse documento.

Atenção: Lembre-se das premissas de qualidade para e metodologia e conteúdo das formações:

  • Foco no desenvolvimento de competências e habilidades
  • Metodologias ativas
  • Trabalho colaborativo
  • Foco em como desenvolver os conhecimentos
  • Uso de dados

A formação de professores pode ser oferecida tanto pelas equipes gestoras de suas escolas como pelas próprias equipes regionais de formação. O esquema ao lado ilustra essa estrutura.

Nessa sugestão, a equipe central forma as equipes regionais, que por sua vez formam as equipes gestoras das escolas, para que essas efetivem as formações com os professores.

Para temas específicos, em especial questões relacionadas aos componentes curriculares, recomenda-se que a formação dos professores seja oferecida diretamente pelas equipes regionais de formação.

4.4.1
FORMAR EQUIPES REGIONAIS

A equipe central de formação deve garantir a realização da formação das equipes regionais. A equipe regional de gestão deve auxiliar na organização logística para que essa ação seja realizada com os formadores regionais.

Atenção: É possível contar com o apoio de diferentes organizações para realizar a formação – ou mesmo para compor – as equipes regionais. Alguns exemplos de organizações que podem apoiar esse processo são:

  • universidades;
  • centros e escolas de formação;
  • parceiros privados;
  • organizações sociais, entre outros.

Cabe à equipe central efetivar essas parcerias, quando necessário, a depender do contexto local.

Formações de equipes regionais:

O que?

Essas formações devem ter como foco:
i) A construção e discussão das pautas formativas a serem trabalhadas com equipes gestoras e professores;
ii) As premissas de qualidade que devem permear toda a formação continuada, em especial o uso de metodologias ativas e o ensino para habilidades e competências.
iii) O aprofundamento na compreensão dos novos currículos estadual de referência.

Como?

As formações das equipes regionais podem ser presenciais, semipresenciais ou a distância. Recomenda-se que ao menos parte da formação seja presencial.
Ainda, deve-se incentivar a formação entre pares e criar mecanismos, como grupos de comunicação, para que formadores estejam constantemente trocando aprendizados.

Quando?

A equipe central deve estabelecer um cronograma para essas formações, assim como seu monitoramento.
Sempre que necessário, o cronograma de formação deve ser revisado para atender às necessidades de professores e o calendário de outras ações das redes.

 

4.4.2
FORMAR EQUIPES GESTORAS DAS ESCOLAS

Para garantir uma formação que apoie todos os professores de maneira efetiva, contínua e alinhada às premissas deste Guia, deve-se engajar as equipes gestoras das escolas no processo. Dessa forma, é necessário que ao menos uma pessoa dessa equipe seja responsável pela formação dos professores no dia a dia.

Perfil:

  • Com frequência, o papel de formador de professores dentro da escola é assumido pelo representante da gestão escolar responsável pelas questões pedagógicas (frequentemente chamado de “coordenador pedagógico”);
  • Também é possível que toda a equipe gestora da escola, incluindo diretores e vice diretores ou diretores adjuntos tenham, também, um papel formativo;
  • Outra possibilidade é quando um agrupamento de escolas conta com um mesmo indivíduo que realiza o trabalho de coordenação pedagógica de seus professores.

Responsabilidades:

  • Planejar e conduzir a formação de professores na escola;
  • Conduzir o processo de (re)elaboração dos PPs à luz dos novos currículos;
  • Articular a disponibilidade do(s) professor(es) para que participem da formação;
  • Acompanhar professores na elaboração e utilização de planos de aula e de avaliações da aprendizagem dos alunos com relação aos novos currículos;
  • Formar-se e atualizar-se continuamente sobre os novos currículos e sobre metodologias efetivas de formação continuada, alinhadas às premissas deste Guia.

Formações de equipes regionais:

A equipe regional de formação deve oferecer, periodicamente, formação para as equipes gestoras das escolas de sua região de atuação. As formações podem acontecer simultaneamente para agrupamentos de escolas, ou escola por escola.

 

O que?

Essas formações devem ter como foco:
i) A construção e discussão das pautas formativas a serem trabalhadas pelas equipes gestoras com os professores da escola;
ii) As premissas de qualidade que devem permear toda a formação na escola
iii) O aprofundamento na compreensão do currículo estadual de referência;
iv) O papel da equipe gestora enquanto formadora de professores.

Como?

As formações das equipes gestoras das escolas devem ser preferencialmente presenciais ou semipresenciais.

Quando?

A equipe regional deve estabelecer um cronograma para essas formações, assim como seu monitoramento. Sempre que necessário, o cronograma de formação deve ser revisado para atender às necessidades das equipes gestoras e o calendário de outras ações das escolas.

4.4.3
FORMAR PROFESSORES

O principal objetivo das ações sugeridas nesse capítulo é garantir que os professores sejam formados para a implementação dos novos currículos. Para isso, recomenda-se que seja garantida uma média de ao menos 2 horas semanais de formação dos docentes, sejam elas presenciais ou a distância.

A formação dos professores devem ocorrer de duas formas:

A. Formações promovidas pela equipe gestora de sua escola;

B. Formações promovidas pelas equipes regionais de formação.

A. Formações promovidas pela equipe gestora

É importante que os responsáveis pela formação continuada da escola acompanhem o trabalho dos professores e apoiem seu processo de formação.

Momentos coletivos com os professores:

Nas reuniões pedagógicas da escola, a equipe gestora pode trabalhar com os professores as necessidades formativas da escola como um todo ou de grupos específicos de professores.

Momentos individuais com os professores:

É recomendável proporcionar também momentos de formação individual entre o responsável pela formação na escola e cada professor, para que sejam trabalhadas necessidades específicas de cada docente

Atenção: Ao longo de 2019, para a Educação Infantil e o Ensino Fundamental”, as equipes gestoras também deverão coordenar a (re)elaboração do Projeto Pedagógico (PPs) das escolas à luz dos novos currículos. É importante que as formações considerem o processo de revisão do PPs.

B. Formações promovidas pelas equipes regionais de formação

Além da formação promovida pela equipe gestora da escola, é importante que as equipes regionais também formem os professores para trabalhar aspectos gerais da BNCC e dos novos currículos e, principalmente, temas relativos a cada componente curricular.

Sugere-se que, nas formações sobre componentes específicos, os professores sejam agrupados de acordo com o ano e componente em que atuam. Para as formações sobre questões mais amplas, como as dez competências gerais da BNCC, é possível trabalhar com professores de diferentes etapas e componentes.

É importante engajar as equipes gestoras das escolas nesse processo, não só para que também se formem, como para que acompanhem todo o processo de formação dos professores das suas escolas.

Para garantir a qualidade da formação continuada das escolas, é importante que a equipe central e as equipes regionais de gestão monitorem o cumprimento do cronograma de implementação da formação continuada.

É essencial que a responsabilidade pelo monitoramento seja alinhada e compartilhada entre os responsáveis, em especial os coordenadores das equipes regionais, e que a equipe central faça a sistematização das informações coletadas em cada região.

Além de outros aspectos considerados importantes pela equipe central de cada estado, o monitoramento deve observar:

  • A execução do cronograma de formações das equipes gestoras das escolas e dos professores, tanto nas escolas como nas ações formativas oferecidas pelas equipes regionais;
  • O cumprimento das pautas formativas;
  • A frequência de participação dos participantes (equipes gestoras e professores);
  • O levantamento de necessidades formativas das equipes gestoras escolares e professores, de forma a subsidiar o desenho de novas formações.
  • Uma maneira de realizar o monitoramento é através do preenchimento, pelo formador, de um relatório que indique o cumprimento da pauta, a presença do público-alvo, as principais questões levantadas e sugestões para os próximos encontros, logo após cada formação. Esse relatório pode ser consolidado e usado pelas equipes central e regionais.

A avaliação das ações formativas para os novos currículos deve servir de instrumento para o replanejamento e aprimoramento das ações. Entre outros aspectos, a avaliação das formações pode incluir:

  • O desempenho do formador;
  • A relevância e a efetividade da pauta da formação;
  • A infraestrutura e logística da formação;
  • O cumprimento das premissas de qualidade da formação continuada.

Recomenda-se que a cada encontro, os participantes da formação tenham a oportunidade de realizar essa avaliação, por meio de formulários estruturados construídos pela equipe central ou equipe regional de gestão.

Como ressaltado ao longo do capítulo, as equipes responsáveis pela formação para os novos currículos, em regime de colaboração, devem buscar integrar suas ações com aquelas promovidas pelas redes estadual e municipais. Além disso, devem dialogar com as escolas da rede federal e privada sobre os novos currículos e suas ações de formação. As redes podem aproveitar essa oportunidade para revisar suas políticas de formação continuada.

Propomos que, nas revisões de suas políticas, as redes considerem as seguintes questões:

  • Como alinhar as ações de formação continuada para novos currículos em regime de colaboração com as frentes e equipes de formação existentes e já planejadas?
  • Como a governança e a estrutura das formações para implementar os novos currículos podem ser aproveitadas pelas políticas de formação das redes?
  • Quais boas práticas de políticas de formação das redes podem auxiliar na revisão das políticas curriculares das redes?
  • Como utilizar o processo de (re) elaboração dos PPs para a formação continuada dos professores?
  • Como garantir a participação efetiva dos professores na formação tendo em vista aspectos de tempo e espaço (horário, transporte, apoio logístico, etc)?
  • Como garantir que os resultados de aprendizagem dos estudantes nas avaliações externas apoiem na readequação das políticas de formação com base em evidências concretas?
  • Como garantir que as premissas de qualidade para a formação continuada sejam colocadas em prática?

Tempo para a formação: Recomenda-se que as redes de ensino estaduais e municipais regulamentem, por meio de ato legal, e efetivem a garantia de um terço de hora-atividade dos professores para atividades extraclasse e incentivem o uso desse tempo para a formação continuada em serviço. Sugere-se ainda que esse processo inicie em 2019, concomitantemente ao início das ações de formação para os novos currículos em regime de colaboração.

Confira abaixo uma proposta de modelo de planejamento das formações das equipes regionais.